sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Menino e sua Mãe no colo



Descansa no meu colo
tua cabeça de mulher
Deixa que eu seja teu pai,
ainda que por um instante.
Vivamos o parto às avessas.
Eu, que sou teu filho,
por ora quero ser teu pai.
Só para ter o prazer de
te ver menina tão cheia de sonhos.
Só pra puxar os teus cabelos
e nele colocar laços bordador de alegrias.
Cores de tempos antigos, distantes,
quando nem imaginavas que um dia e seria o teu filho.
Fica quietinha por aqui
Permita que eu cuide de tuas coisas,
teu guarda-roupas tão cheio de desordens,
não importa.
O remédio eu te trarei,
teu alimento eu plantarei, e ajeitarei
o teu travesseiro de um jeito que gostes,
Só para descobrir a alegria
de reverter a ordem dos fatos.
Só para ter a graça de te chamar de
minha filha,
minha menina,
minha "Nathalinha".
Só para ter a graça de evitar teus
choros futuros,
tuas dores constantes,
teus medos tão delicados
Medo de me perder,
de que eu morra antes da hora,
e de que não esteja por perto no
momento em que eu precisar de
tua mão, como passado,
quando me conduzias contigo,
como se fossemos um só, um nó de gente,
amarrado e costurado.
amor que Deus esqueceu no mundo e eu vi de perto
quando o sofrimento entrou pela janela
da tua casa,
e mesmo vendo partir as carnes que nasceram de teu ventre,
o teu olhar me encorajava a não desanimar da vida.
E juntos, seguimos atados pela estrada,
que é feita de sonhos,
de tristezas e de risos.


poema de F.Melo (livro Quando o sofrimento bater à sua porta)









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